O Janela Internacional de Cinema do Recife chegou ao fim no último domingo (6/11) anunciando os vencedores de sua IX edição. A cerimônia de premiação ocorreu na cobertura do Plaza Hotel, no Centro do Recife.
Na competição de longas, o franco-brasileiro Vincent Carelli venceu o prêmio principal com seu documentário Martírio (Brasil, 2016). O júri formado por Fabienne Morris (produra e curadora), Irandhir Santos (ator) e Paulo de Carvalho (diretor artístico do Cinelatino) justificaram o prêmio pela “habilidade em reconstruir a história de um país que evita uma parte da sua própria história e que tem abusado de uma minoria desde muito tempo, após 25 anos de acúmulo de um material valioso de arquivo dos indígenas Guarani-Kaiowá, é importante para nós reconhecer a perpetuação da resistência e clamar, nos dias de hoje, por desobediência”.
Carelli também venceu na categoria de Melhor Imagem, sendo esse prêmio dividido com o longa O Auge do Humano, uma co-produção entre Argentina, Portugal e Brasil de Eduardo Williams, que também ganhou na categoria de Melhor Montagem.
A categoria de Melhor Som ficou para O Ornitólogo, do português João Pedro Rodrigues, justificado pelo júri “pela utilização primorosa dos sons naturais, humanos e daqueles posteriormente criados que contribuem de forma expressiva na construção do grande mosaico humano, místico e simbólico apresentado no filme”.
O júri do Janela Crítica, formado por críticos que participaram de uma semana de oficina de crítica cinematográfica e puderam assistir e escrever sobre os filmes exibidos pelo festival, também fez suas escolhas. Para este grupo, O Ornitólogo foi escolhido como o melhor do Janela Internacional de Cinema. E
Criado desde 2014 pelo Janela, o prêmio João Sampaio para Filmes Finíssimos que Celebram a Vida foi dado ao longa português “O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu”, de João Botelho.
Na mostra competitiva de curtas, o mineiro Estado Itinerante, de Ana Carolina Soares, venceu na categoria de Melhor Curta Nacional tanto pelo júri do Janela Crítica quando pelo júri de curtas – formado pela jornalista e crítica de cinema Carol Almeida, o produtor e curador Pedro Marum (do coletivo português Rabbit Hole) e pelo jornalista Nathan Reneaud (programador do Festival International du Film Indépendant de Bordeaux, na França). A cineasta ainda recebeu um terceiro prêmio, da Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas de Pernambuco (ABD/PE).
“Numa história cujo tema central é a violência doméstica contra as mulheres, (…) ‘Estado Itinerante’ consegue lidar com um assunto delicado e poderoso, usando muitas vezes o que não é visto em cena para desvelar um tipo de violência que é, historicamente, inviabilizado”, justifica o júri de curtas nacionais do Janela.
Na competitiva internacional de curtas, o colombiano Cilaos (2016), de Camilo Restrepo, venceu o prêmio de Melhor Curta Internacional, sendo este o segundo ano consecutivo que o cineasta é premiado no Janela Internacional de Cinema – no ano passado, venceu o prêmio de Melhor Imagem com o curta “La impresión de una Guerra”.
Os premiados do IX Janela Internacional de Cinema do Recife:
MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS-METRAGENS:
Melhor Longa: “Martírio” (Brasil), de Vincent Carelli
Melhor Montagem: “O Auge do Humano” (Argentina/Portugal/Brasil), de Eduardo Williams
Melhor Som: “O Ornitólogo” (Portugal/França/Brasil), de João Pedro Rodrigues
Melhor Imagem: prêmio dividido entre “O Auge do Humano” (Argentina/Portugal/Brasil), de Eduardo Williams e “Martírio” (Brasil), de Vincent Carelli
MOSTRA COMPETITIVA DE CURTA-METRAGEM INTERNACIONAL:
Melhor curta internacional: “Cilaos” (Colômbia), de Camilo Restrepo
Melhor Imagem: “Yolo” (África do Sul/EUA), de Ben Russell
Melhor Som: “Manodopera” (Grécia), de Loukianos Moshonas
Melhor Montagem: “Scales in the Spectrum of Space” (EUA), de Fern Silva
Menção especial: “The Beast” (África do Sul/França), de Michael Wahrmann e Samantha Nell
MOSTRA COMPETITIVA DE CURTA-METRAGEM NACIONAL:
Melhor curta nacional: “Estado Itinerante” (MG), de Ana Carolina Soares
Melhor imagem: “Na Missão, com Kadu” (PE/MG), de Aiano Bemfica, Kadu Freitas e Pedro Maia de Brito
Melhor montagem: “Se por Acaso” (RJ), de Pedro Freire
Melhor Som: “Quando os dias eram eternos” (SP), de Marcus Vinicius Vasconcelos
Menção Honrosa/Especial do Júri: “A Moça Que Dançou com o Diabo” (SP), de João Paulo Miranda
PRÊMIO JANELA CRÍTICA:
Melhor curta nacional: “Estado Itinerante” (MG), de Ana Carolina Soares
Melhor curta internacional: “The Beast” (África do Sul/França), de Michael Wahrmann e Samantha Nell
Melhor Longa: “O Ornitólogo” (Portugal/França/Brasil), de João Pedro Rodrigues
PRÊMIO ABD (Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas de Pernambuco – ABD/PE):
“Estado Itinerante” (MG), de Ana Carolina Soares
PRÊMIO OFERECIDO PELO PORTOMÍDIA (120h de estúdio para finalização de imagem e/ou som concedido para o melhor filme pernambucano do festival):
“O Porteiro do Dia” (PE), de Fábio Leal
PRÊMIO FEPEC (Federação Pernambucana de Cineclubes)
Curta “Na Missão, com Kadu” (PE/MG), de Aiano Bemfica, Kadu Freitas e Pedro Maia de Brito
PRÊMIO JOÃO SAMPAIO PARA FILMES FINÍSSIMOS QUE CELEBRAM A VIDA
“O Cinema, Manoel de Oliveira e eu” (Portugal), de João Botelho