Novo sucesso de público na plataforma da Netflix, a animação “Fera do Mar” é uma primorosa abordagem não convencional de conceitos históricos. Apesar de pouco divulgado, o filme tem encantado crianças e adultos e liderou por algum tempo a lista dos mais assistidos da plataforma no mês de julho.
Do mesmo diretor de “Moana”, a história de “A Fera do Mar” é ambientada no século XVII, em um reino fictício onde as pessoas são atormentadas pela existência de monstros marinhos. Mas se engana quem pensa que a trama de “A Fera do Mar” aborda apenas uma aventura marítima.
Apresentando semelhanças com a cerne da produção “Como Treinar o Seu Dragão”, produzido pela DreamWorks Animation, “A Fera do Mar” é uma obra repleta de sutilezas, traços de diversidade e elementos de reflexão sem perder a originalidade. Quer saber mais? Então continue lendo! Mas cuidado com SPOILERS!
A instigante trama de “A Fera do Mar”
A trama gira em torno de Jacob, (dublado por Karl Urban), um carismático e valente marinheiro que deixa a civilização continental para viver uma aventura rumo ao desconhecido em um navio de caçadores de monstros, e Maisie (dublada por Zaris-Angel Hator), uma menina que vive em um orfanato sustentado pelo rei e pela rainha juntamente com outras crianças cujos pais morreram caçando monstros marinhos.
Por ser filha de heróis caçadores, Maisie cultiva um grande fascínio pelas histórias de aventuras e monstros marítimos. Um dia, disposta a ver de perto o que lia nos livros, ela foge do orfanato e, aproveitando que um navio atracou no porto, se esconde para poder zarpar clandestinamente.
Este navio é o Inevitável, a famosa embarcação de caça liderada pelo capitão Corvo que está prestes a iniciar a busca pelo terrível monstro a quem chamam Bravata com a ajuda de uma tripulação muito diversa. O fato de os heróis de caça serem representados tanto por homens quanto por mulheres de diversas etnias também é uma grata surpresa, considerando a época em que a história é retratada.
Após viver um stress pós-traumático no qual quase morre em uma batalha contra o Bravata, o Capitão Corvo pensa em se aposentar e espera que seu pupilo Jacob assuma seu lugar como capitão do Inevitável. Jacob é eternamente grato porque, quando era criança, o Capitão o salvou de morrer no mar e cuidou dele desde então. Por isso, o marujo se sente horado em aceitar ser o próximo capitão em um futuro próximo.
Porém, como os monarcas estavam ansiosos para que o Bravata fosse abatido, construíram o Imperador, um navio ainda mais munido de armamentos. Afinal, dar continuidade à guerra contra os monstros do mar é uma forma de perpetuarem seus próprios poderes.
Diante do desafio imposto pela realeza, o Capitão Corvo e sua tripulação partiram em busca do mostro do mar, a fim de capturá-lo antes mesmo da embarcação real.
A bordo do navio, Jacob descobre que, além de liderar a caça ao Bravata, ele também precisará cuidar da pequena invasora, que pretende ser uma heroína dos mares como seus pais foram um dia. O futuro capitão não gosta nem um pouco da ideia de uma criança a bordo no navio de caça, mas logo percebe que Maisie não é uma garota comum.
Jacob e Maisie passam a viver, então, uma intrigante aventura acompanhados do mais perigoso dos monstros marinhos que, surpreendentemente, se mostra um grande aliado nas tormentas. Maisie, além de demonstrar uma astúcia e valentia dignas de uma heroína, levanta alguns questionamentos que fazem com que Jacob reveja as motivações de toda sua vida acerca de suas batalhas contra as feras marinhas, que ele alegava ser questão de sobrevivência.
Capitão Corvo, enquanto pensa que Jacob está morto, torna-se cada vez mais obcecado em se vingar do monstro Bravata a qualquer preço, ainda que sua tripulação se oponha aos seus métodos. Afinal, os heróis desejam “lutar de maneira justa”, sem usar de artifícios covardes. O que o Capitão não sabe é que seu inimigo é quem está garantindo a sobrevivência de seu estimado Jacob e da pequena Maisie.
Juntos em alto mar e “a bordo” de uma nova amiga, a simpática “Vermelha”, Maisie e Jacob passam a refletir sobre a veracidade das lendas que relatavam que monstros marinhos destruíam cidades, a questionar se foram mesmo essas criaturas que começaram a guerra ou se, em algum momento, elas se sentiram ameaçados.
O mais importante é que, independentemente de quem começou a rivalidade entre caçadores e monstros marinhos, Maisie e Jacob já conseguem ver a história em uma nova perspectiva e estão decididos a colocar um fim. Usando de elementos épicos e fantásticos, o condão de “A Fera do Mar” é a ideia de transformação e mudança dos vieses inconscientes.
O fato da uma sociedade sempre ter funcionado de uma determinada forma não significa, necessariamente, que todos nós somos obrigados a acatar comportamentos problemáticos embasados em justificativas rasas, como “porque sempre funcionou assim”.
E você? Já foi conferir o filme “A Fera do Mar” na Netflix? O que achou? Conte nos comentários!